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4 de junho de 2017

Desumanidade 

Eu tenho pele 
Branca, amarela, preta,
Vermelha, não importa,
Eu ainda posso me ferir.

Minhas roupas são pretas,
Brancas, amarelas, coloridas,
Idaí? As vezes nem as uso.
Mas isso não me faz,
Sou eu quem faço quem eu sou.

Por baixo da minha roupa,
As vezes há renda,
As vezes não há nada.
Porém, por baixo da minha pele,
Existe sofrimento

Uma grande biblioteca deles,
Tantos que não podem ser contados.
Alguns são feridas abertas,
Outros estão intocados.
Alguns ainda nem senti,
De outros já estou cansada.

Meus olhos são azuis,
Verdes, castanhos, pretos.
Não importa!
Mesmo se fossem transparentes,
Ninguém veria a dor
Que se esconde por trás deles

Uma vez ouvi dizer:
"Os olhos são o espelho da alma."
Mas acho isso sem sentido,
Quero dizer,
Deviam ser uma porta, 
Mas o homem os transformou em um espelho,
Onde buscamos a nós mesmos, 
Um reflexo distorcido
Da nossa desumanidade 

- Alasca